CAMPANHA

UFSC Blumenau lança campanha para conscientizar sobre pobreza menstrual e arrecadar absorventes

07/10/2021 16:00:00

UFSC Blumenau lança campanha para conscientizar sobre pobreza menstrual e arrecadar absorventes

A UFSC Blumenau lançou a campanha “Todos contra a pobreza menstrual”, que tem como objetivo conscientizar sobre o problema, especialmente entre meninas estudantes do ensino fundamental. 

Além de combater a desinformação e dar visibilidade ao tema, o lançamento da campanha também inicia a arrecadação de absorventes descartáveis, que serão destinados a escolas públicas municipais de Blumenau, em parceria com o Instituto Vida

As doações poderão ser feitas durante todo o mês de outubro. 

A pobreza menstrual é caracterizada pela falta de acesso à higiene pessoal durante o período menstrual, seja por falta de recursos financeiros, de infraestrutura ou até de conhecimento. 

O problema é agravado por variáveis que envolvem a desigualdade racial, social e de renda. Uma família em situação de vulnerabilidade, por exemplo, tende a dedicar uma parte menor de seu orçamento para itens de higiene, uma vez que a prioridade, para esta família, sempre vai ser a alimentação.

Nestes casos, as crianças e adolescentes são o alvo mais vulnerável à pobreza menstrual. 

Primeiro porque ainda não possuem tanto conhecimento sobre a importância da higiene menstrual para sua saúde, e segundo porque dependem dos pais ou familiares para a compra do absorvente.

Sem acesso a eles, meninas utilizam alternativas como pedaços de tecido, jornal, roupas velhas, algodão, papel higiênico, sacos plásticos, miolo de pão, entre outros materiais que causam desconforto e não são efetivos para a contenção do fluxo menstrual.

A campanha “Todos contra a pobreza menstrual” é uma ação de extensão do Campus Blumenau da UFSC, coordenada pela professora Selene de Souza Siqueira Soares, do Departamento de Engenharia Têxtil. 

Ela explica que a falta de absorventes afeta diretamente o desempenho escolar das estudantes e, como consequência, restringe o desenvolvimento de seu potencial na vida adulta. 

ESTUDO SOBRE O TEMA 

Desde 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o acesso à higiene menstrual um direito, que deve ser tratado como uma questão de saúde pública e de direitos humanos. 

Em maio deste ano, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) publicaram um estudo intitulado “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos”.

De acordo com o documento, 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em sua residência e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas.

Isso inclui falta de acesso a absorventes e instalações básicas nas escolas, como banheiros e sabonetes. 

Ainda de acordo com o mesmo relatório, uma a cada quatro meninas brasileiras já deixou de frequentar as aulas durante o período menstrual por falta de absorvente. 

A publicação do estudo, que trouxe dados até então inéditos sobre pobreza menstrual no Brasil, deu grande visibilidade ao tema e motivou uma série de discussões sobre a implementação de políticas públicas voltadas para a saúde menstrual. 

Projetos de lei nos âmbitos federal, estaduais e municipais começaram a tramitar por todo o país.  

COMO DOAR 

Durante todo o mês de outubro, a UFSC Blumenau receberá doações de absorventes descartáveis, que podem ser entregues nas recepções dos blocos A e C, de segunda a sexta-feira, das 8h às 21h. 

Pessoas que querem ajudar, mas não se encontram em Blumenau no momento, ou não querem se deslocar até a UFSC pessoalmente, podem mandar entregar os materiais diretamente no campus. 

O endereço completo é Rua João Pessoa, 2750, bairro Velha, Blumenau/SC, CEP 89036-256.

A coordenada da campanha, professora Selene de Souza Siqueira Soares, comenta: 

“Algumas meninas até deixam de ir à escola nos dias da menstruação porque não têm acesso a absorventes. Isso pode levar à queda do rendimento escolar e, às vezes, até à evasão. Ou seja, as estudantes já saem em desvantagem só por serem meninas". 

"O ato biológico de menstruar acaba sendo mais um fator de desigualdade de oportunidades entre os gêneros”.