TECNOLOGIA

Empresas de tecnologia de SC devem abrir 16 mil vagas até 2023, aponta ACATE

27/07/2021 17:00:00

Empresas de tecnologia de SC devem abrir 16 mil vagas até 2023, aponta ACATE

As empresas de base tecnológica de Santa Catarina devem abrir 16.612 novas vagas até 2023, sendo mais da metade delas - 9.303 postos ou 56% - para desenvolvedores de software. 

Os resultados desse levantamento inédito da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), divulgados nesta segunda-feira (26), evidenciam o cenário de retomada do mercado de trabalho do setor de TI e o crescimento exponencial de novas vagas.

O mapeamento demonstra o avanço do mercado de tecnologia a cada ano.

São 4,5 mil novos postos até o fim de 2021, 5,3 mil em 2022 e 6,6 mil em 2023.

A ACATE realizou o mapeamento com as empresas de tecnologia de SC e 228 delas responderam formalmente a pesquisa. 

Com apoio de professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi feita a extrapolação dos dados. 

Segundo as estatísticas, as funções mais demandadas são Desenvolvedor Full Stack, Back-end e Front-end, seguidas por analista de serviços/suporte TI e analista de negócio. 

Já em relação às competências dos candidatos, as mais exigidas são conhecimentos em tecnologias ágeis, experiência profissional na área, habilidade em execução de projetos e domínio de linguagens de programação.

Inglês e formação acadêmica, por exemplo, aparecem na 7ª e 8ª posição entre as mais demandadas. 

Porém, sabe-se que apenas a formação ou conhecimentos técnicos não bastam. 

A pesquisa identificou ainda quais são as soft skills, ou habilidades interpessoais, mais valorizadas. 

Neste quesito, a que domina é a capacidade de resolver problemas (90,8%), seguida por trabalho em equipe (78%) e proatividade (68%). 

EVASÃO DE ESTUDANTES 

Santa Catarina é o segundo estado do Brasil com maior percentual de alunos do ensino superior em cursos voltados às competências de tecnologia, porém apenas 11% se formam nessas graduações. 

Assim, a pesquisa também ouviu 175 estudantes de cursos relacionados à tecnologia no estado para entender o que explica essa alta taxa de evasão. 

Os principais motivos apontados foram: não identificação com o curso, qualidade do ensino remoto e não conseguir acompanhar os conteúdos. 

DIFICULDADES NA HORA DA CONTRATAÇÃO 

Diversas iniciativas estão em andamento para auxiliar neste processo e driblar a falta de profissionais qualificados. 

Uma delas é o DEVinHouse, um programa online lançado no ano passado pela ACATE e pelo SENAI para formação de desenvolvedores em nove meses e com bolsas de estudo integrais. 

As empresas participam do projeto como patrocinadoras e depois contratam parte dos formados. 

Na primeira turma, a parceira foi a Softplan que, mesmo antes da conclusão do curso, já contratou 12 alunos. 

Considerada uma das principais desenvolvedoras de software do país, somente a Softplan abriu, no primeiro trimestre de 2021, uma média de 100 vagas por mês. 

A expectativa do DEVinHouse é iniciar a formação de 225 desenvolvedores neste ano. 

A RD Station, desenvolvedora de software (SaaS) para pequenas e médias empresas,  também enfrenta o desafio de encontrar profissionais qualificados. 

A companhia, sediada em Florianópolis, tem mais de 700 colaboradores e cerca de 100 vagas abertas. 

A expectativa é contratar mais 200 profissionais ainda em 2021. 

Além do DevInHouse, há o Programa Jovem Programador coordenado pelo Sindicato Patronal das Empresas de TI de SC (SEPROSC), com o SENAC/SC como executor, em parceria com a ACATE e empresas. 

Estão previstas 635 vagas ainda em 2021 com turmas em 11 cidades do Estado. 

Outra iniciativa é o Entra21, desenvolvido pelo polo de tecnologia de Blumenau, que forma, em média, 300 profissionais por ano.

Confira apresentação do levantamento completo, acessando este link.

Anderson Nielson, diretor de Talent Management na RD Station, destaca:

“Sem dúvida o maior desafio para contratação é na área de tecnologia, em posições de produto e engenharia. Felizmente existe muita vaga no mercado, infelizmente se investiu muito pouco em formação de base e formação profissionalizante para pessoas atuarem em empresas digitais e em funções que hoje existem em empresas de tecnologia". 

"Parte do desafio está em equilibrar a escolha em remunerar muito bem os mais capacitados e experientes versus contratar talentos em potencial e formar”.

O vice-presidente de Talentos da ACATE, Moacir Marafon, reforça:

“Esse levantamento mostra que há uma demanda crescente por profissionais em empresas de tecnologia. Se fossem consideradas companhias de outros segmentos e que também precisam desses talentos com perfil tecnológico, esse número seria bem maior". 

“Para atender a demanda e ao mesmo tempo gerar oportunidades de inclusão social por meio de uma carreira promissora, já temos iniciativas com a participação de diversos atores do ecossistema de tecnologia. E outros programas estão sendo concebidos, inclusive envolvendo o Governo do Estado de SC”.

O presidente da ACATE, Iomani Engelmann, reforça:

“As remunerações na área de tecnologia partem de R$ 3 mil e costumam ser três vezes superiores ao salário médio da indústria. Ou seja, são postos que podem representar um ganho significativo para as famílias e auxiliar na retomada econômica e na geração de emprego e renda - fundamentais para o país em um período pós-pandemia". 

"As empresas, mesmo as de outros segmentos, também necessitam desses talentos. Por isso, é fundamental o apoio de todos - Governo, empresas, entidades e academia - para formação desses profissionais”.

“Precisamos de uma jornada de formação de talentos para a tecnologia. Essa iniciativa de longo prazo deve englobar todas as fases de aprendizado, inclusive com projetos para que crianças despertem para a tecnologia, passando por um reforço no ensino de ciências exatas nas escolas e, por fim, oferecendo cursos de formação para jovens”.