DIA DA MULHER

Mulheres empreendedoras e os desafios em busca da igualdade

08/03/2021 13:00:00

Mulheres empreendedoras e os desafios em busca da igualdade

Um estudo realizado pela consultoria McKinsey em 2019, em parceria com o evento Brazil at Silicon Valley, classificou o Brasil como um país de empreendedores ao constatar que 39% da população economicamente ativa (PEA) tem sua própria empresa. 

Segundo um relatório produzido pela MindMiners, 59% dos empreendedores brasileiros são homens e 41% são mulheres. 

Análises do Sebrae revelam que o país conta com 9,3 milhões de mulheres à frente de uma empresa.

45% delas são chefes de família, ou seja, têm a principal renda em seus lares.

Os dados também demonstram que, em comparação com os homens que empreendem, as mulheres possuem escolaridade 16% superior, porém, seus negócios faturam 22% menos. 

Estatísticas de 2018 apontam que os empreendedores brasileiros registraram rendimento mensal médio de R$ 2.344, ao passo que as empreendedoras faturaram, em média, R$ 1.831 por mês.

As estatísticas só confirmam o quão desafiador é, na prática, para as mulheres, empreender e buscar oportunidades mais equânimes. 

LIDERANÇA FEMININA

Conforme o estudo “Women in The Boardroom – Uma Perspectiva Global“, as mulheres estão presentes em somente 16,9% dos assentos de conselhos de grandes empresas no planeta – número que cai para 8,6% no Brasil. 

A diretora da Acib para Assuntos da Indústria e presidente da Ártico Indústria de Refrigeração Ltda, Christiane Schildwachter Buerger, considera que o percentual de mulheres que fazem parte de conselhos de empresas no Brasil é baixíssimo. 

Na opinião da empresária, o empreendedorismo feminino pode ser uma saída para a independência financeira da mulher, e que para isso, é necessário estimular as meninas desde jovens, mostrar a importância do estudo e incentivá-las.

FUTURO

A crescente participação das mulheres no empreendedorismo, porém, pode representar uma esperança de um futuro mais equilibrado quando se trata de igualdade de gêneros. 

O Núcleo da Mulher Empresária da Acib vem acompanhando essa evolução há 24 anos, com o propósito de trocar experiências, identificar oportunidades e desafios comuns para buscar, conjuntamente, as soluções mais eficientes. 

Anelore Tolardo, empresária que assumirá a coordenação do Núcleo da Mulher Empresária da Acib em maio, comenta:

“Acredito que faltam incentivos para as mulheres da sua geração empreenderem”. 

“As famílias até nos incentivam ao estudo e ao trabalho para sermos empregadas, mas não para assumirmos um negócio sozinhas”.

"Observo que atualmente, o empreendedorismo feminino tem sido melhor divulgado e estimulado”. 

“Obviamente, existem situações e regiões ainda muito aquém do esperado em pleno século XXI, mas as condições são muito mais promissoras do que no passado, e cabe a nós estimularmos cada vez mais o empreendedorismo das mulheres”.

A mensagem deixada por Anelore para as mulheres é otimista: 

"Podemos fazer e alcançar ótimos resultados quando nos embrenhamos naquilo que realmente queremos”. 

“Você mulher, que quer empreender não tenha receio e nem desista do que você entende ser o melhor para você e para o seu negócio”. 

“Não se intimide com relatos negativos, se prepare para estar no comando, busque assessoria quando necessário, e acredite no seu sucesso sempre!"

A empresária Adriane Meienberger, de 39 anos, fundadora da Virato Café e atual coordenadora do Núcleo da Mulher Empresária da Acib, conhece bem os desafios:

"A mulher precisa entender, aceitar e se sentir capaz de liderar a sua vida, pessoas e/ou equipes e de ter o seu próprio negócio e administrar sozinha se for necessário”. 

“Eu acredito que 'sentir-se capaz' seja um dos principais desafios para o surgimento de mais negócios liderados por mulheres”. 

“Porém, numa sociedade em que homens e mulheres têm direitos iguais, espera-se que todos assumam tarefas equivalentes, então a maior barreira é a desigualdade de gêneros”. 

“Outros pontos que considero relevantes são: a falta de autoconfiança, de autoestima e de incentivo”.

 "O meu lado empreendedor nasceu com a família. Cresci vendo meus pais, tios(as) e primos(as) administrarem seus negócios”. 

“Sempre tive vontade de fazer algo para melhorar, mas para que eu chegasse a ter minha própria empresa, foi necessário muito conhecimento e maturidade”. 

Adriane deixa uma mensagem direcionada a todas as mulheres, empreendedoras ou não: 

"Que toda mulher possa acreditar em si mesma, nos seus sonhos, no seu potencial. Todas podemos ir além do que imaginamos”. 

“Somos únicas, nossa capacidade é imensurável, possuímos vários dons e podemos alcançar tudo que quisermos”. 

“E se tivermos receio de estar sozinhas, tenho certeza, que sempre haverá outra mulher que irá nos apoiar nessa jornada em busca de nossos sonhos”. 

“Finalizo com uma frase da Mary Kay Ash, empresária americana e fundadora da Mary Kay Cosmética: 'Não se limite. Muitas pessoas se limitam ao que eles acham que podem fazer. Você pode ir tão longe quanto sua mente permite. O que você acredita, lembre-se, você pode alcançar’”.