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Startup catarinense NanoScoping usa nanotecnologia para produzir defensivos agrícolas orgânicos

15/06/2021 16:00:00

Startup catarinense NanoScoping usa nanotecnologia para produzir defensivos agrícolas orgânicos

NanoScoping Soluções em Nanotecnologia, startup de Florianópolis, desenvolveu uma linha de defensivos agrícolas de origem natural usando nanocápsulas do tamanho de um vírus. 

A tecnologia inovadora, que conta com um pedido de patente, recebeu o selo de insumo orgânico e pode ser usada na agricultura orgânica.

A startup tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) por meio do Tecnova II SC. 

Ao todo, o programa destinou mais de R$ 7,5 milhões para contemplar 28 empresas em todo o Estado. 

A linha Nano Agro é composta de três produtos: 

  1. Nano Agro Neem (inseticida).
  2. Nano Agro Crop (fungicida e bactericida).
  3. Nano Agro Total (fungicida, bactericida e inseticida).

Por serem feitos a partir de compostos de origem natural, são biodegradáveis e biocompatíveis e podem ser usados em uma série de culturas agrícolas, como milho, morango, tomate e alface.

A base dos produtos já é utilizada na agricultura orgânica: melaleuca, neem, citronela e orégano. 

A inovação está no uso da tecnologia: os óleos essenciais são encapsulados em nanopartículas – impossíveis de serem vistas a olho nú. 

Testes comprovam a eficiência dos produtos:

  • redução de 47% a 97% no crescimento bacteriano em tomates.
  • redução de 78% a 83% no crescimento fúngico em morangos.
  • redução de 99% a 100% no crescimento bacteriano em pimentões.

Outras pesquisas sobre a eficiência continuam sendo realizadas.

A linha foi lançada no final do ano passado. 

Em fevereiro, após uma criteriosa avaliação, recebeu da Ecocert Brasil, um organismo de inspeção e certificação, o certificado de insumo orgânico para ser usado na agricultura orgânica – para ter este selo é necessário seguir uma série de regras do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

A FORÇA DO ECOSSISTEMA 

A startup foi fundada pelas pesquisadoras Maria Beatriz, doutora em Química pela Universidade de Aveiro e Letícia Mazzarino, doutora em Farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Ambas possuem três pós-doutorados. 

O percurso empresarial da NanoScoping-Soluções iniciou em 2014 durante o Sinapse da Inovação, um programa de incentivo ao empreendedorismo inovador idealizado pela Fundação CERTI e desenvolvido pela Fapesc. 

Depois de alguns anos de pesquisa e desenvolvimento de produtos em laboratórios, a startup iniciou a operação no início de 2017 comercializando ativos nanotecnológicos para o segmento veterinário – além da agrícola, também possui linhas de nutrição, desinfecção e cosméticos.

Em 2020, a empresa conquistou o segundo lugar no Prêmio Inovação Catarinense – Professor Caspar Erich Stemmer, na categoria Inovação em Produto. 

No mesmo ano, também recebeu recursos do Tecnova II para desenvolver e aprimorar a linha agrícola. 

Além dos produtos estarem sendo comercializados e de ter recebido o selo, também foi submetido um pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). 

Maria Beatriz da Rocha Veleirinho, sócia da startup, comenta:

“Com essa tecnologia, conseguimos atribuir funcionalidades aos princípios ativos. Por exemplo: conseguimos aumentar a penetração e espalhabilidade dos princípios ativos na planta". 

"Os óleos essenciais também são bastante voláteis e evaporam ao serem aplicados. Quando você consegue colocar uma estrutura em volta dessa molécula, você consegue prendê-la, como se fosse uma célula. Então os óleos ficam mais tempo na superfície de uma folha, tornando-se mais eficazes”.

"Cada vez mais há uma busca por produtos de origem orgânica. Acreditamos que encontrar o equilíbrio entre o meio ambiente e a produção que alimente o planeta é justamente buscar recursos alternativos e, para isso, utilizamos as tecnologias inovadoras, como a nanotecnologia".

“O recurso do Tecnova tem sido fundamental para avançarmos nos testes de desenvolvimento de caracterização e de estabilidade, mas também para os testes de campo de eficácia”.

“Para alguns registros mais específicos precisamos fazer os testes em empresas credenciadas pelo Mapa e são testes, além de trabalhosos, caros. O recurso está sendo fundamental.”

Letícia Mazzarino, diretora técnica da NanoScoping, salienta:

“Os testes de eficiência agronômica são realizados juntamente com universidades e instituições de pesquisa e fornecem dados importantes sobre a segurança e dosagem dos insumos em diferentes culturas agrícolas”.

"Conseguir resultados tão promissores sem o uso dos agrotóxicos convencionais vai contribuir muito para aumentar a produtividade dos sistemas orgânicos e melhorar a qualidade dos alimentos que chegam à mesa do consumidor". 

“A certificação orgânica assegura que todos os produtos da linha Nano Agro cumprem os requisitos da legislação orgânica no Brasil, Estados Unidos e União Europeia. A certificação é uma ferramenta importante pois fornece confiança a produtores e consumidores”.

O presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, afirmou:

“Quando vemos a trajetória dos empreendedoras da NanoScoping temos certeza que todo o investimento do Governo do Estado e da Fapesc fazem sentido e são decisivos para a transformação do conhecimento em inovação, para a mudança da realidade das regiões e geração de oportunidades aos talentos catarinenses”.

O presidente da Fapesc também salienta a importância da Finep, que é parceira de vários programas voltados para a formação de empreendedores e a geração de inovação no setor empresarial, com o Tecnova II:

“Com investimento público do Governo de Santa Catarina e articulação realizada pela Fapesc, juntamente com parceiros como a Finep manteremos nossas ações de apoio e fomento à Ciência, Tecnologia e Inovação.”