INDÚSTRIA

Desempenho da indústria e transporte marítimo cresceram em 2020

24/11/2020 11:25:00

Desempenho da indústria e transporte marítimo cresceram em 2020

O ano de 2020 foi totalmente atípico e o mercado global passou por momentos totalmente distintos. 

Mesmo diante do cenário de incertezas, representantes da indústria e serviços nos setores portuário e da navegação comemoram bons resultados neste ano e estão otimistas com relação ao ano que vem. 

No entanto, segundo o consultor Solve Shipping Inteligence Specialists e especialista em Economia Internacional e Inteligência Competitiva, Leandro Carelli Barreto, esse positivismo está atrelado a uma série de incógnitas. 

Entre elas estão a extensão da segunda onda da pandemia, a eficiência das vacinas que estão surgindo em vários continentes e o resultado das eleições nos Estados Unidos.

Tais questionamentos foram debatidos em painel durante a Logistique Web Conference, durante a edição deste ano da Logistique – Feira e Congresso de Logística e Negócios Multimodais, realizada de 4 a 6 de novembro, no formato digital. 

O debate reuniu as maiores companhias de navegação e portos, com a abordagem de temas voltados à navegação de longo curso, cabotagem e frete. 

As discussões na íntegra podem ser conferidas no canal da Logistique no YouTube.

O gerente de Comércio Exterior da Berneck SA, empresa que atua no segmento madeireiro nos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso, Daniel Kokot, comenta:

“Este ano está sendo totalmente atípico e os mercados importadores da indústria brasileira pararam em momentos distintos, o que permitiu certo equilíbrio”. 

“Por outro lado, as importações, principalmente de maquinário e insumos, ficou prejudicada e acabou impactando a produção nacional”.

“Para o ano que vem as expectativas são otimistas. O bom desempenho que o setor vem registrando no último trimestre de 2020 deve se repetir no próximo ano”. 

“O mercado global está aquecido e as exportações devem continuar crescendo. O setor madeireiro é pujante, vem aumentando sua participação no mercado internacional ano após ano e o executivo acredita que a realidade de 2021 não será diferente”.

O diretor de logística global da BRF Alimentos, José Perottoni, relata:

“Neste ano, a indústria alimentícia manteve suas vendas nos mercados interno e externo, apesar de ter sentido uma maior retração, principalmente no início da pandemia”. 

“No entanto, o câmbio e a peste suína africana favoreceram as exportações brasileiras, principalmente para a China e Hong Kong”.

“Para este ano, prevemos um avanço entre 2% e 5% nas exportações das cargas reefer [proteína animal e frutas] e um crescimento ainda maior em 2021”. 

“O novo normal também criou um movimento bem mais forte na cabotagem do Sul para o Nordeste e para o Norte, que deve se intensificar ainda mais.”

Julian Thomas, presidente do Grupo Maersk para o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, diz:

“Além de impactar nas importações brasileiras, o represamento das cargas nos portos asiáticos e europeus gerou um efeito dominó que impactou também nas exportações brasileiras”. 

“O problema inicial foi sanado logo no início. No entanto, com o aumento geral nas operações no mundo, a logística dos contêineres voltou a apresentar problemas e o temor pela falta de contêineres volta a assombrar o mercado”.

“Esse cenário cria uma expectativa mais conservadora para a Maersk com relação ao desempenho global em 2021”. 

“A movimentação caiu 16% no mundo segundo trimestre, ante uma projeção inicial de 25%, ficou em 3% no terceiro trimestre e deve se igualar ao igual período do ano passado nos três últimos meses do ano, permanecendo nesse patamar no ano que vem.”

“Para a navegação de cabotagem, as operações alavancaram apenas depois de agosto, mas com desaquecimento a partir de novembro”. 

“Para o ano que vem, nossa empresa [que engloba os armadores Hamburg Süd e Aliança Navegação e Logística] projeta um crescimento de 7%”.