Santa Catarina expectativas sobre a agricultura devido � estiagem

23/04/2020 10:40:00

Santa Catarina expectativas sobre a agricultura devido � estiagem

A falta de chuva traz prejuízos para o meio rural e preocupa o setor produtivo de Santa Catarina. 

Desde junho de 2019, o estado vem passando pela estiagem que já é considerada a mais severa dos últimos anos e que vem afetando, principalmente, as regiões Extremo Oeste, Oeste, Meio Oeste, Planalto Sul, Planalto Norte e Alto Vale do Itajaí. 

Situações semelhantes aconteceram apenas em 1978 e 2006. 

A falta de chuvas deverá causar a redução de 10% na produção catarinense de milho.  

 

Nesta quarta-feira (22), a Secretaria de Estado da Agricultura e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) reuniram, via videoconferência, lideranças do setor produtivo e técnico para apresentar a situação atual do agronegócio catarinense e a previsão meteorológica para os próximos dias.

 

Impactos na agricultura

 

  • Segundo levantamentos do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), nas últimas semanas os impactos da estiagem foram agravados em Santa Catarina e os principais prejuízos são sentidos nas lavouras de milho grão, silagem, feijão e soja. 

  • Santa Catarina espera uma redução de 10% na produção de milho devido à estiagem, principalmente no Meio Oeste, Extremo Oeste e Extremo Sul. As expectativas são de colheita de 2,59 milhões de toneladas. 

  • O feijão foi uma das culturas mais afetadas pela falta de chuvas, em alguns municípios do Meio Oeste as perdas chegam a 60%. No total, o estado deve ter uma quebra de 7% na produção em relação à safra passada. 

  • Para a soja, até o momento se contabiliza, uma perda de 1% na produção se comparado à safra passada, com isso Santa Catarina deve ter uma produção de 2,3 milhões de toneladas. 

  • Os produtores de tomate, cebola e batata também sentiram os impactos da estiagem e manifestam perdas na qualidade da produção.

 

Impactos na pecuária

 

  • As principais regiões afetadas são Extremo Oeste, Oeste, Vale do Itajaí e Serra. 

  • Há registros de produtores de aves, suínos e bovinos que já buscam abastecimento suplementar de água. 

  • Os analistas da Epagri/Cepa estimam ainda que, em março, a produção de leite tenha sido reduzida em até 6%.

 

Situação hidrológica

 

  • No dia 22 de abril, Santa Catarina tem 25 estações hidrológicas em situação de estiagem, sendo 12 em estado de emergência. Porém, na segunda-feira (20), a Epagri/Ciram chegou a 27 estações em situação de estiagem - o resultado mais crítico já monitorada pelo Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epagri/Ciram) desde 2013.

  • O pesquisador da área de hidrologia e coordenador da Sala de Situação ANA/Epagri/Ciram, Guilherme Xavier de Miranda Junior, explica que essa situação tem afetado diretamente a disponibilidade de água para a agricultura catarinense. 

  • As poucas chuvas já influenciam também no nível de água dos lençóis freáticos. O pesquisador explica que a chuva não está infiltrando e não está contribuindo para o lençol freático. Isso é importante porque é o que mantém os rios. Desde 1978 e 2006 não temos uma situação parecida no estado.

 

Falta de Chuva

 

  • De junho de 2019 a abril de 2020, a chuva acumulada em Santa Catarina ficou em torno de 500mm inferior ao registrado na média história. No Meio Oeste, as chuvas foram 635mm menores durante esse período. 

  • O mês de março foi bastante seco em SC, faltando em média 100 mm em praticamente todo o estado. 

  • Até o dia 22 de abril, Santa Catarina teve algumas chuvas isoladas, porém os valores continuam bem inferiores à média histórica. Inclusive no Planalto Sul, Planalto Norte e Litoral. 

  • A previsão climática para os meses de maio e junho não é otimista para o setor produtivo catarinense. A tendência é de que os próximos meses sigam com estiagem. 

 

Apoio ao setor produtivo

 

  •  A intenção da Secretaria da Agricultura é injetar R$ 60 milhões na economia catarinense. 

  • Os produtores rurais e pescadores que que transformam sua produção e comercializam utilizando Nota de Produtor Rural contam com financiamentos, via Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR), para custeio ou capital de giro. O limite é de R$ 30 mil, com cinco anos de prazo para pagamento sem juros. Podem participar produtores familiares que comercializem a produção industrializada, própria e legalizada e/ou desenvolva atividade de turismo rural.

  • Para os empreendimentos rurais que utilizam CNPJ, a Secretaria da Agricultura irá conceder a subvenção aos juros de financiamentos adquiridos por agricultores e pescadores, num limite de 2,5% ao ano. Os financiamentos seguirão as regras de contrato feito com o agente bancário, em um limite de R$ 100 mil.

  • A Secretaria anunciou que irá prorrogar o vencimento das parcelas dos financiamentos contraídos junto ao Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR). As parcelas anuais que venceriam em março, abril, maio ou junho poderão ser pagas no dia 3 de agosto.

 

O secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa, comenta:

 

“Já temos muitos municípios que decretaram estado de emergência em Santa Catarina e a nossa preocupação continua porque não há previsão de chuvas significativas para os próximos dias”. 

“Para minimizar os impactos da estiagem no estado, a Secretaria da Agricultura criou dois novos programas e prorrogou o prazo de vencimento de pagamento das parcelas de financiamentos do FDR”. 

“Além disso, seguimos com os nossos programas de apoio aos produtores, que têm como prioridade o atendimento de projetos de captação, armazenagem e uso da água”.